Adriessa - Neurociência e Educação

A neurociência da criatividade: o que acontece no cérebro quando criamos?

O que é ser criativo? Embora a pergunta, possa parecer óbvia, ela não é.

Ser criativo não é apenas ter boas ideias ou ser “do tipo artístico”. Criatividade é a capacidade de fazer algo novo ou de fazer algo comum de um jeito novo. Envolve, portanto, duas coisas fundamentais: novidade e utilidade.

Do ponto de vista da neurociência, a criatividade não está localizada em uma única área do cérebro, como muitos imaginam. Pelo contrário, ela surge da conexão entre diferentes redes neurais, especialmente aquelas envolvidas na memória, atenção, imaginação e controle executivo. Isso quer dizer que criar exige tanto liberdade para pensar fora do óbvio quanto foco para dar forma a essas ideias.

Estudos com neuroimagem mostram que a criatividade ativa três grandes sistemas cerebrais em conjunto. Aqui elencamos de forma simples:

  • Rede do modo padrão (default mode network): relacionada à imaginação, devaneios e associações livres é onde as ideias novas costumam surgir.
  • Rede executiva: responsável pelo foco, planejamento e avaliação, ajuda a transformar ideias em algo concreto.
  • Rede saliente: atua como um “intermediador”, decidindo quando é hora de divagar e quando é hora de concentrar.

Ou seja, criatividade não é caos mental, mas uma dança sofisticada entre liberdade e controle.

Além disso, experiências de vida, repertório cultural, emoções e até o estado de humor podem influenciar nossa capacidade criativa. Momentos de tédio, por exemplo, muitas vezes abrem espaço para a imaginação. Já ambientes excessivamente rígidos ou ansiosos tendem a inibir o pensamento criativo.

A boa notícia é que a criatividade pode ser estimulada. Quanto mais o cérebro é exposto a desafios, perguntas instigantes e situações que exigem soluções novas, mais ele fortalece as conexões que sustentam a criatividade.

No contexto educacional, familiar ou profissional, favorecer a criatividade não é apenas permitir “pensar diferente”, mas criar ambientes onde o erro seja visto como parte do processo e onde haja espaço para imaginar, explorar e experimentar.

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