Aprender é, antes de tudo, um fenômeno social. Nosso cérebro, por sua própria constituição, é estruturado para aprender com os outros. Possuímos circuitos neurais que favorecem a cooperação, o reconhecimento de sinais sociais, como expressões faciais, movimentos e entonações de voz, e tudo isso nos torna aprendizes por natureza, mas não sozinhos. Precisamos da interação com o outro para desenvolver o conhecimento de forma mais significativa.
No contexto escolar, a relação entre professor e estudante não é apenas instrumental: ela é um encontro humano que ativa redes neurais específicas ligadas à atenção, à empatia, ao engajamento e à motivação. A neurociência social tem demonstrado, por meio de pesquisas com técnicas como a neuroimagem funcional, que há sincronização da atividade cerebral entre pessoas que estão engajadas em uma mesma experiência. Ou seja, quando professor e estudante interagem de forma presencial, com troca de olhares, escuta ativa e envolvimento mútuo, há uma ativação conjunta de regiões cerebrais que favorecem a aprendizagem.
Essa sintonia não acontece com a mesma potência em interações indiretas, como o uso exclusivo de vídeos ou aulas gravadas. Por isso, o diálogo em sala de aula, a aprendizagem colaborativa e o estabelecimento de vínculos positivos não são apenas recursos pedagógicos: são caminhos neurais para o aprendizado.
Outro ponto fundamental é o papel das expectativas do professor. Quando acreditamos no potencial dos estudantes, isso se reflete diretamente em seu desempenho. Altas expectativas são como bússolas internas que orientam nossas ações pedagógicas e a forma como organizamos o ambiente de aprendizagem. Professores que alimentam a crença no sucesso dos estudantes tendem a propor atividades mais desafiadoras, oferecer feedbacks construtivos e oportunizar maior participação e protagonismo.
Além disso, o sentimento de pertencimento, sentir-se parte da escola, da turma, da relação com o professor, está diretamente ligado ao engajamento e à aprendizagem. A forma como organizamos a sala, como nos dirigimos aos estudantes, como escutamos e acolhemos suas ideias, tudo isso contribui para fortalecer ou enfraquecer esse pertencimento.
A pergunta que fica é: como criar ambientes mais sintonizados com o funcionamento social do cérebro humano? A resposta parece apontar para práticas que favoreçam a interação face a face, o compartilhamento, o diálogo, a escuta e o reconhecimento mútuo. O cérebro aprende melhor quando aprende com o outro. Por isso, ensinar é também um ato de encontro.