A resposta curta é: depende.
Muita gente pensa que basta repetir algo várias vezes para aprender melhor. Mas será que funciona assim? Na verdade, o que importa não é só repetir, mas o que e como estamos repetindo.
O que faz a repetição ser boa de verdade?
Se queremos aprender uma habilidade – como tocar um instrumento ou dirigir – a prática constante faz toda a diferença. Mas quando falamos de aprender informações, conceitos e ideias, a simples repetição não é suficiente. O que realmente fortalece a memória é recuperar a informação depois de aprendê-la, ou seja, evocá-la.
Além disso, só lembrar não basta. O ideal é colocar em prática aquilo que aprendemos. Isso significa fazer conexões com o que já sabemos, buscando sentido no novo conhecimento.
Como transformar a repetição em aprendizagem?
Podemos fazer isso de várias formas:
- Criando nossos próprios exemplos sobre o que aprendemos.
- Comparando com outros conceitos, analisando semelhanças e diferenças.
- Imaginando aplicações práticas para aquele conhecimento.
- Tentando resolver problemas usando a nova informação.
Esse processo de pensar sobre o aprendizado e fazer conexões com o que já sabemos é chamado de elaboração. Junto com a evocação, essa é uma das melhores estratégias para aprender de verdade.
Quando a repetição pode atrapalhar?
Muitas vezes, achamos que repetir várias vezes uma mesma coisa ajuda a aprender melhor, mas os estudos mostram que, depois de já termos aprendido algo, insistir na repetição dentro da mesma sessão de estudo não faz tanta diferença.
O que realmente funciona é espaçar a repetição no tempo. Quando permitimos que o “cérebro esqueça” um pouco antes de revisitar um conteúdo, o aprendizado se torna mais sólido e duradouro. Além disso, variar os temas de estudo (ao invés de insistir muito em um só antes de mudar para outro) também melhora a retenção da informação.
O equilíbrio entre repetição e motivação
Não dá para negar: a repetição tem um papel importante na aprendizagem. Mas repetir de forma excessiva ou massiva pode não só ser bom, como também prejudicar a motivação.
O segredo é dosar: evocar, elaborar, espaçar e intercalar. Dessa forma, aprendemos de verdade sem transformar o estudo em algo cansativo e desmotivador.
Referência para a escrita deste texto:
MARTÍN, Héctor Ruiz. Como aprendemos? Uma abordagem científica da aprendizagem e do ensino. 3. ed. Tradução de Luciana Vellinho Corso e Luciane Alves Schein. Porto Alegre: Penso, 2023. ISBN 978-6559760473.
Antes de finalizarmos…
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SANTOS, Adriessa. A repetição ajuda a aprender melhor? Adriessa Santos: Neurociência Educacional. Disponível em: [seu link aqui]. Acesso em: [data de acesso].
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