Adriessa - Neurociência e Educação

Ambientes que ensinam: o espaço como aliado da aprendizagem

Nem sempre nos damos conta, mas o espaço físico da sala de aula é um dos protagonistas do processo de aprendizagem. Um ambiente bem planejado pode impactar no desempenho das crianças e isso nos convida a olhar para além dos tópicos de aprendizagem e das metodologias e considerar o espaço como parte essencial da experiência educativa.

A presença de luz natural, o contato com a natureza, a organização funcional dos móveis, cantinhos de leitura e áreas para trabalho em grupo contribuem para aumentar a atenção, a criatividade e o raciocínio. O impacto é significativo, especialmente em matemática, leitura e escrita. Mas é importante um alerta: mais estímulos não significam, necessariamente, melhor aprendizagem.

Muitos professores acreditam que ambientes extremamente coloridos e cheios de estímulos visuais ajudam no desenvolvimento cognitivo. No entanto, isso é um neuromito. Pesquisas mostram que o excesso de estímulos pode causar desorganização, distração e estresse, sobretudo em crianças com autismo, com dificuldades de atenção ou ainda em fase inicial de desenvolvimento.

Salas muito decoradas fazem com que crianças desviem a atenção quase metade do tempo da aula. E há dados que mostram que, mesmo após duas semanas de exposição, o problema persiste. O que favorece a aprendizagem são ambientes visualmente simples, organizados e que direcionem o foco para o que é essencial: a escuta, o olhar e a interação com o que está sendo ensinado.

Se queremos formar sujeitos atentos, curiosos e críticos, precisamos cuidar do ambiente como parte do currículo. Criar espaços que acolham sem sobrecarregar, que estimulem sem agitar demais, que convidem à escuta e ao diálogo. Cada escolha de organização do espaço comunica algo. 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!