Adriessa - Neurociência e Educação

Aprender é emocionar-se

Durante muito tempo, acreditou-se que aprender exigia deixar as emoções de lado. Como se razão e emoção fossem opostas, incompatíveis. Mas a ciência já mostrou há décadas que isso não faz sentido. Sentir faz parte do processo de aprender.

António Damásio, pesquisador conhecido por seus estudos sobre o cérebro e as emoções, afirma que emoção e razão não se separam e nem deveriam. Sabemos hoje que a memória é atravessada pela emoção, a atenção depende dela, e até a forma como percebemos o mundo passa pelo nosso estado emocional.

O cérebro não é uma máquina fria. É um organismo vivo, que responde a gestos, palavras, relações. Aprender, portanto, não é apenas um exercício lógico é um acontecimento humano.

Quando um professor cria um ambiente que oferece segurança, desperta curiosidade e acolhe, o aprendizado ganha espaço para acontecer. Mas quando há medo, punição ou tensão constante, o cérebro entende que está em perigo e se fecha. Não há aprendizagem profunda em estados de ameaça.

Por isso, precisamos trazer a emoção para o centro da sala de aula. Precisamos tratá-la como parte essencial da educação. Isso significa investir em formação emocional, em políticas públicas que cuidem de quem educa, e em espaços de escuta, apoio e vínculo dentro da escola.

A habilidade de reconhecer, nomear e lidar com emoções, as próprias e as dos outros, é uma competência para a vida toda. E não é só dos estudantes que estamos falando. Professores, coordenadores e gestores também enfrentam desafios diários que exigem sensibilidade, empatia e coragem para cuidar.

Quando educadores se sentem acolhidos, têm mais força para acolher seus estudantes. Quando os vínculos se fortalecem, a aprendizagem acontece com mais leveza, mais profundidade. Quando há diálogo, nasce a confiança. E quando há confiança, o cérebro aprende melhor.

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