Vamos entender de forma bem simples como ocorre a aprendizagem. Para isso, antes de falarmos sobre biologia, quero que usem a imaginação comigo.
Imaginem uma mata fechada. O meu objetivo é formar uma trilha nesse espaço. Agora pergunto: é possível criar uma trilha em uma mata fechada? Se sua resposta foi algo como “até dá, mas…” você está certo! Sim, é possível, mas exige esforço.
Se eu caminhar por esse mato uma única vez, já significa que formei uma trilha? Provavelmente não. O máximo que posso ter feito é amassar algumas folhas. Se eu voltar lá no dia seguinte ou mesmo algumas horas depois, o mato já terá voltado ao normal.
O que devo fazer, então? Se você pensou “passar várias vezes pelo mesmo caminho”, acertou em cheio. Uma única passada não é suficiente, mas se eu percorrer esse trajeto repetidamente, a trilha começa a se formar e, com o tempo, fica cada vez mais marcada. E quantas vezes preciso passar? Quantas forem necessárias! Mas aqui vem um detalhe importante: além da repetição, podemos usar algumas estratégias para facilitar o processo. Se, em vez de apenas caminhar, eu utilizar uma foice para abrir caminho, jogar pedrinhas para marcar a rota, a trilha ficará mais visível e estruturada. No cérebro, acontece algo semelhante: revisar o estímulo de diferentes formas, conectar com conhecimentos prévios e usar associações pode contribuir com o aprendizado.
Agora você deve estar se perguntando: qual a relação dessa mata e da formação de trilhas com o aprendizado no cérebro? Tudo!
Nosso cérebro é formado por milhões de células chamadas neurônios, que “conversam” entre si. Essas conversas são chamadas de sinapses e ocorrem por meio de neurotransmissores. É essa comunicação constante entre os neurônios que nos permite pensar, agir e aprender.
Agora imagine que cada vez que aprendemos algo novo, estamos criando uma conexão entre determinados neurônios — como se estivéssemos pisando na mata pela primeira vez. Se não revisitarmos esse aprendizado, a conexão pode se enfraquecer e desaparecer, assim como uma trilha que some com o tempo. Mas se revisitarmos o estímulo, a experiência várias vezes, de formas diferentes, essa conexão se fortalece, tornando-se um caminho mais fácil de percorrer.
E por que isso é importante? Porque sinapses fortalecidas permitem a consolidação do aprendizado (evento que ocorre enquanto dormimos) e criam novas conexões com outras informações já armazenadas no cérebro.
Ou seja, aprender exige estímulo, revisão e diversidade de estratégias. Quanto mais percorremos um caminho, mais forte ele se torna — seja na mata, seja no cérebro.
Mas, assim como é possível formar uma trilha de primeira, também é possível aprender algo logo de cara, certo?
Bingo! Sim, às vezes aprendemos algo de imediato. Esse talvez seja um dos “segredos” da aprendizagem… mas isso é assunto para outro momento.
Até lá, sigam fortalecendo suas sinapses — ou, como diria na analogia, amassando seus matos!