Adriessa - Neurociência e Educação

Neurociência e Educação: caminhos que se cruzam e não regras a seguir

O diálogo entre neurociência e educação tem trazido novas ideias para pensar currículos mais significativos. Mas antes de sair colocando “neuro” em tudo, vale um alerta: a neurociência não é receita de bolo. Louzada e Moreno-Louzada (2023) chamam a atenção para a “neuroficação”, ou seja, o uso exagerado (e, muitas vezes, equivocado) do prefixo ‘neuro’ em práticas educacionais.

A gente sabe que aprender não é só decorar informações. Paulo Freire já dizia que a educação é um ato de transformação, onde o educador precisa criar condições para que o estudante desenvolva um olhar crítico sobre o mundo. Do lado da neurociência, Leonor Guerra (2011) reforça essa ideia ao lembrar que o cérebro é o órgão da aprendizagem e que o jeito como ensinamos pode reorganizar suas conexões. Ou seja, aprender não acontece só na cabeça: envolve também emoções, interações e contexto social.

Mas aqui vai um ponto importante: a neurociência não tem respostas prontas para a sala de aula. Como destacam Horvath e Donoghue (2016), há um grande salto entre o que sabemos sobre o cérebro e o que realmente funciona no dia a dia da educação. A neurociência não vem para dizer como ensinar, mas para somar no debate, ajudando a entender melhor como o aprendizado acontece.

O que importa é seguirmos construindo uma educação que respeite a singularidade de cada estudante e o contexto em que ele está inserido. Neurociência e educação podem (e devem!) caminhar juntas, mas sempre com um olhar crítico e humanizado para o ensino.

Referências:
GUERRA, L. B. O diálogo entre a Neurociência e a Educação: da euforia aos desafios e possibilidades, 2011. Disponível em: https://www2.icb.ufmg.br/neuroeduca/arquivo/texto_teste.pdf

LOUZADA, F.; LOUZADA, L. M. Qual o lugar das Neurociências na Educação? Revista de Estudos Culturais. Edição 8. 2023. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistaec/article/view/210175/198766.

HORVATH, J. C.; DONOGHUE, G. M. Bridge Too Far – Revisited: Reframing Bruer’s Neuroeducation Argument for Modern Science of Learning Practitioners. Frontiers in Psychology, v. 7, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4792869/

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