Meu nome é Adriessa e sempre que vou apresentar-me para um público pela primeira vez, brinco ao dizer que meu nome já tem um pouco de neurociência, porque a chance de colocarem um “n” antes do “d” e me chamarem de Andressa é grande. Isso porque o nosso cérebro realmente está mais acostumado com as Andressas. Isso me faz pensar sobre como padrões moldam nossa aprendizagem.
Para falar da minha trajetória e por que falo sobre Neurociência e Educação, vou começar da minha formação inicial em Biologia. Foi esse curso que me fez entender que eu gostava de vida e do quanto compreender sobre ela, sobretudo a nossa enquanto humanos, me instigava. Foi lá também que fui apresentada à docência e entendi que ensinar e aprender eram uma das coisas que eu mais curtia fazer. Aprendi que somos resultado da nossa biologia e do meio em que estamos inseridos, e embora naquela época não tivesse muita noção do peso dessa informação, ela me acompanha até hoje.
Depois da graduação fui para o mestrado e estudei um tipo de células do sistema nervoso chamado Glia. Nessa época eu já era professora de estudantes de cursos técnicos e de alguma forma “parecia” que aquilo que eu estudava lá no laboratório dialogava com as minhas experiências em sala de aula.
Curiosa com essas inquietações, quando estava finalizando o mestrado iniciei uma especialização em Neurociência e Educação e desde lá isso é o que tenho estudado e me debruçado em compreender.
Nessa época, eu atuava como professora e coordenadora das séries finais do ensino fundamental e ensino médio de uma escola privada e iniciei um curso em Gestão Escolar. Até aqui, a minha relação com a Educação era muito prática, ou seja, atuava como professora e estava na gestão, mas faltava formação teórica para refletir sobre tudo o que eu fazia. Este curso ajudou-me demais e abriu espaços para pensar mais sobre os processos de aprendizagem e também validar algo que acredito até hoje: teoria e prática devem caminhar juntas.
Empolgada com a temática, fui fazer uma especialização em Educação e quase que simultaneamente tomei uma importante decisão: iniciei o curso de Pedagogia. Foi realmente um divisor na minha atuação como educadora. Cheguei a me perguntar como tinha sido professora até aquele momento sem conhecer sobre tantas reflexões que implicavam diretamente na minha prática.
Estávamos na pandemia e pensar sobre novas estratégias de aprendizagem passou a ser outro interesse, por isso, iniciei uma especialização em Metodologias Ativas. Foi um curso que me trouxe mais uma série de inquietações.
E os estudos sobre Neurociência estavam por onde neste cenário voltado para especializações em Educação? Desde o mestrado, nunca parei de estudar sobre esse assunto e essa busca foi lá de forma autônoma com a leitura de inúmeros livros e artigos, participações em congressos e cursos de aperfeiçoamento, além da experiência como professora dessa temática. Todos os meus trabalhos de conclusão de curso nas especializações que fiz, traziam a Neurociência como um pilar de diálogo. Ao longo destes anos, tornei-me coordenadora de uma pós-graduação chamada Neurociência na Escola, professora de graduação e especializações, além de formadora de professores e palestrante. Todas essas atuações objetivavam discutir as contribuições da Neurociência para a Educação. E, além do ensino superior, nunca saí da educação básica, seja como professora ou coordenadora.
Iniciar o doutorado era um desejo antigo e, embora tivesse certeza de que seria em Neurociência, a dúvida que pairava era onde. Questionava-me se deveria estar numa linha de pesquisa em Neurociência ou em Educação e decidi pela última. Sim, ao longo de todos esses anos de estudo entendi que o meu propósito era “traduzir” para uma linguagem acessível os conhecimentos da Neurociência para educadores e mais do que isso, mostrar que esse diálogo é possível. Com o desafio aceito, iniciei o doutorado e como diálogo, talvez seja uma das palavras que mais aparecem por aqui, propus uma tese (em andamento) sobre os diálogos entre a Neurociência e Paulo Freire.
Antes de encerrar, mais recentemente iniciei um trabalho com vistas para a Educação Inclusiva. A Neurociência ensinou-me que TODO CÉREBRO APRENDE E SOMOS SINGULARES NA FORMA DE APRENDER. Disposta em contribuir para uma educação para todas as pessoas e que traga a Neurociência como um pilar de diálogo, mais recentemente também cursei uma especialização em Educação Inclusiva. Isso me oportunizou fazer parte de uma Turma muito especial e que tem como propósito não deixar ninguém para trás.